
A tilápia, principal peixe produzido e exportado pelo Brasil, está conquistando novos mercados internacionais. Um estudo recente da Embrapa Pesca e Aquicultura mapeou o consumo da espécie nos Estados Unidos e na Europa, revelando caminhos promissores para produtores brasileiros que desejam expandir seus negócios além das fronteiras.
EUA: demanda consolidada e espaço para produtos congelados
Nos Estados Unidos, o consumo de tilápia é expressivo: são cerca de 460 gramas por pessoa ao ano, tornando-a uma das espécies mais populares entre os peixes de carne branca. O estudo aponta que, embora o Brasil já tenha presença relevante com o filé fresco, há grande potencial de crescimento na exportação de tilápia congelada, que possui demanda maior e pode ser mais competitiva em termos de preço.
Além disso, o mercado norte-americano valoriza produtos premium, rastreabilidade e cortes diferenciados — como empanados e embalagens prontas para consumo — o que abre espaço para agregação de valor e inovação por parte dos produtores brasileiros.
Mesmo com o impacto do recente aumento de tarifas de exportação (o chamado “tarifaço”), o setor mostrou resiliência: a queda nas exportações foi menor do que o esperado, sinalizando que a tilápia brasileira continua relevante no mercado norte-americano.
Europa: nicho étnico e oportunidade para produtos frescos
Na Europa, o consumo médio de tilápia é bem mais baixo — apenas 39 gramas por pessoa ao ano — com destaque para a Bélgica, que chega a 147 gramas. O mercado é dominado por nichos étnicos, como comunidades latino-americanas, árabes e asiáticas, e por produtos congelados de baixo custo.
No entanto, o estudo da Embrapa identifica uma janela de oportunidade: com o aumento dos preços da tilápia chinesa, devido ao encarecimento da ração e do transporte, o produto brasileiro pode se tornar mais competitivo. A boa reputação do filé fresco nacional e a ampla malha aérea entre Brasil e Europa favorecem a logística para exportação de produtos frescos — desde que haja investimento em divulgação e marketing para ampliar o conhecimento sobre a tilápia brasileira entre os consumidores europeus.
Brasil: potencial natural e estratégico
Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, com vantagens naturais como qualidade da água e disponibilidade de áreas para expansão da aquicultura. Segundo Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa, “o país tem condições de se destacar ainda mais, tanto pela qualidade do produto quanto pela capacidade de atender diferentes demandas internacionais”.
Desafios e estratégias para o produtor brasileiro
O estudo também aponta os principais desafios para quem deseja atuar no mercado externo:
Nos EUA: superar o impacto das tarifas, reduzir custos logísticos, garantir certificações internacionais e manter a competitividade de preços.
Na Europa: tornar a tilápia mais conhecida, competir com outras espécies de carne branca e estabelecer preços atrativos sem perder o foco na qualidade.
Fonte: digital.agrishow.com.br
Postado em 10-10-2025 à15 15:59:15