
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou no dia 11 de junho, durante a Conferência dos Oceanos da ONU, a Revisão do Estado dos Recursos Pesqueiros Marinhos Mundiais – 2025. Em resumo, o estudo oferece uma análise mais atualizada e abrangente sobre a sustentabilidade das pescarias marinhas. Portanto, o documento destaca que é fundamental intensificar os esforços para garantir a sustentabilidade global.
Contexto global e ganhos com gestão eficaz
De acordo com o documento, 64,5% dos estoques marinhos globais estão dentro de níveis sustentáveis, enquanto 35,5% permanecem sobreexplorados. Além disso, em termos de desembarques, 77,2% da pesca mundial provém de fontes biologicamente sustentáveis.
Por outro lado, regiões com gestão pesqueira eficiente, como o Pacífico Nordeste (92,7%), Sudoeste (85%), e a Antártida (100%) mostram que investimentos em governança, monitoramento científico e cooperação internacional produzem resultados concretos.
Dados recentes do Brasil
Embora o relatório global não apresente cifras específicas apenas sobre o Brasil, dados nacionais revelam avanços importantes:
- Avaliação de estoques: segundo a Oceana, o País dispõe de avaliação quantitativa de apenas metade dos 135 estoques marinhos analisados, com cerca de 70 estoques avaliados. Dessa forma, é possível perceber a importância de ampliar os esforços nesse setor.
- Pesca artesanal: estimativas da FAO e do projeto “Iluminando Capturas Ocultas” evidenciam que a pesca artesanal representa cerca de 60% da produção de pescado marinho, embora sem cobertura sistemática de dados. Portanto, isso demonstra um desafio significativo para a gestão eficiente.
- Piscicultura em expansão: o País alcançou 968,7 mil toneladas produzidas em 2024, representando um crescimento de 9% em relação ao ano anterior. Além disso, esses avanços fortalecem a posição do Brasil no mercado global de pescados.
Essa melhor capacidade de coleta já permitiu que o governo passasse de apenas 6% de estoques com dados biológicos (até 2021) para cerca de 50% atualmente. Ainda assim, a pesca artesanal, vital para a segurança alimentar, segue sem registros regulares, o que dificulta uma gestão mais assertiva e a implementação de cotas e medidas de conservação.
Paradoxos e desafios
Enquanto a piscicultura avança, a pesca de captura demanda um salto qualitativo na gestão. Por outro lado, muitas regiões com significativa pressão pesqueira (Sudoeste do Atlântico, Mediterrâneo e Pacífico Sudeste) ainda superam os limites biológicos.
No Brasil, apesar do progresso nas avaliações, há carência de legislação moderna, supervisão efetiva e integração da ciência nas decisões, especialmente na pesca artesanal. Assim, isso retarda medidas como cotas e limites de captura, por exemplo.
A importância de ampliar o monitoramento
A FAO ainda recomenda o fortalecimento dos sistemas nacionais de coleta de dados, a adoção de abordagens científicas e ecológicas, e a expansão de estruturas de governança forte que envolvam pescadores locais. Dessa forma, o Brasil deve ampliar a cobertura da pesca artesanal integrando bases comunitárias e plataformas inovadoras, garantindo informações mais confiáveis para políticas públicas.
Fonte: seafoodbrasil.com.br
Postado em 19-06-2025 à39 18:40:39