
Líder em produção no Estado paulista, a unidade instalada na Represa Jaguara abriga atualmente cerca de dez milhões de peixes no sistema de cultivo em tanques-rede, sendo considerado o maior projeto em atividade na América Latina.
Com recursos hídricos em abundância, clima favorável, disponibilidade de mão de obra, crescente demanda do mercado interno e conquistando cada vez mais espaço no exterior, a piscicultura brasileira borbulha em oportunidades, alavancando a produção de peixes de cultivo em todas as regiões do Brasil, com a tilápia assumindo o protagonismo ao representar mais de 65% do total produzido em território nacional.
Com uma produção de 81.640 toneladas no último ano, o Estado de São Paulo ocupa a vice-liderança nacional na produção de peixes, resultado de investimentos de médios e grandes produtores na verticalização da atividade, o que contribui para o crescimento do setor de processamento. A exemplo da Fider Pescados, do grupo multinacional MCassab, que há 13 anos instalou seu projeto de criação e processamento de tilápia em Rifaina, SP, gerando mais de 500 empregos diretos e outros 2,5 mil indiretos. “A empresa injeta R$ 15 milhões por ano em receita na economia local através dos salários e recolhe anualmente R$ 30 milhões em impostos, contribuindo para os necessários investimentos em saúde, educação, infraestrutura, segurança e demais serviços essenciais para o desenvolvimento regional”, expõe o gerente de operações da Fider Pescados, Juliano Kubitza.
Líder em produção no Estado paulista, a unidade instalada na Represa Jaguara abriga atualmente cerca de dez milhões de peixes no sistema de cultivo em tanques-rede, sendo considerado o maior projeto em atividade na América Latina. De acordo com Kubitza, o processo de produção compreende cinco etapas: genética, reprodução, alevinagem, recria e engorda. “Nos últimos anos passamos por um importante período de maturação de nossos processos produtivos, que seguem se consolidando em busca de se tornar cada vez mais eficientes”, ressaltou.
Para a produção de juvenis, a Fider possui produtores integrados, enquanto o processo de engorda é próprio. Por mês são produzidas 800 toneladas de peixes e nos próximos anos projeta-se dobrar essa produção. “Dispomos de autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para produzir 19.200 mil toneladas por ano na Represa de Jaguara”, comenta Kubitza.
Entre as cinco maiores processadoras de tilápia do Brasil, atende todo o território nacional e exporta para os Estados Unidos, Canadá, Taiwan, Venezuela, Bangladesh, Sri Lanka e Indonésia. “Além de linha própria, produzimos para importantes marcas”, menciona Kubitza.
O profissional ressalta que as medidas sanitárias estão presentes em todas as etapas da tilapicultura, desde os ovos até o produto final. “Por isso as perdas são próximas a zero, porque monitoramos todos os processos através de programas de autocontrole e do plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP), tanto na criação quanto no frigorífico”, orgulha-se Kubitza.
Preocupação ambiental
Conforme o gerente de operações, a qualidade da água recebe atenção especial pelos profissionais que atuam na Fider, uma vez que é item vital para o sucesso da produção de tilápia. Periodicamente são realizadas análises da água pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), com o resultado destas amostras sendo submetido à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), conforme exigências da lei. “Além disso, a própria Cetesb faz a coleta d’água regularmente para realizar seus próprios testes de qualidade. No entanto já realizamos o monitoramento da água na Represa de Jaguara desde o início de nossas atividades, em 2009, através de uma empresa terceirizada, comprovando que a qualidade da água não é afetada pela produção de tilápia”, salienta Kubitza.
A área de produção de tilápia da Fider Pescados recebeu sólidos investimentos em infraestrutura, que incluíram atenção à preservação do meio ambiente. A Área de Preservação Permanente (APP) original foi ampliada em 6 mil m2 com o plantio de 15 mil árvores nativas. “Esse cuidado representa um importante ganho para a fauna local, com atração de diferentes espécies, inclusive em extinção, para reprodução e área de descanso”, relata o gestor.
Para atestar as boas práticas adotadas, o gerente de operações diz ainda que a empresa possui a certificação BAP (Boas Práticas de Aquicultura), um dos mais completos e rígidos atestados internacionais de qualidade, que garante a sustentabilidade dos produtos e possibilita, inclusive, a exportação de produtos de tilápia, como para os Estados Unidos, país que possui a legislação de segurança alimentar mais rígida do mundo.
Conforme Kubitza, em agosto a Fider recebeu a certificação do Conselho de Manejo de Aquicultura (ASC da sigla em inglês), concedido às fazendas de peixes de cultivo que são ambiental e socialmente responsáveis. “A certificação ASC é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela empresa desde sua origem nas esferas social, ambiental e de governança. Já tínhamos a certificação de boas práticas e agora com a ASC nos abre importantes portas em mercados internacionais altamente exigentes, muitos dos quais requerem essa certificação para entrada”, evidencia.
Os negócios com a certificação ASC são reconhecidos por minimizar os impactos no ecossistema local de várias maneiras, como o desenvolvimento e a implementação de avaliação de impacto ambiental, proteção da bacia hidrográfica receptora, entre outros.
Complexo industrial
Além do frigorífico com capacidade para abater até três mil toneladas mensais, o complexo industrial da Fider Pescados conta uma das mais modernas fábricas de óleos e farinhas do Brasil. Inaugurada no final de 2020, a unidade industrial recebeu investimento de R$ 15 milhões e tem capacidade instalada para produção de 500 toneladas de óleos e de farinhas. “Todos os processos são automatizados, desde a recepção de matérias-primas à embalagem, com a administração centralizada na sala de controle, sendo necessários apenas quatro funcionários por turno”, declara Kubitza.
Segundo o gerente de operações, a instalação da fábrica de insumos equacionou o aproveitamento de resíduos da tilápia processada no frigorífico, passando a aproveitar 100% da tilápia. “Todos os resíduos não aproveitados no processamento de tilápia são direcionados para um reservatório, onde são prensados e seguem diretamente para a fábrica de óleos e farinhas. Após processos internos, tornam-se ingredientes de alta qualidade, prontos para serem utilizados na cadeia da produção animal”, explica Kubitza.
Expansão
Para os próximos cinco anos, Kubitza diz que a empresa projeta expandir a piscicultura com a exploração em outros reservatórios. “Mas ainda está em estudo essa expansão, porque sua execução depende da obtenção de resultados, por isso temos sempre os pés no chão. O cenário de custos da pandemia trouxe desafios importantes de serem superados antes de se pensar em crescimento”, pondera o gerente de operações, ampliando: “Fizemos parte de um grupo quase centenário, que tem por cultura trabalhar com os pés no chão, trabalho duro e crescimento consistente. Não há ambição em sermos os maiores, mas sempre buscamos ser os melhores naquilo que fazemos, é isso que está em nosso DNA”.
Segundo o profissional, o momento atual da produção de tilápia no país tem aberto caminho para projetar o Brasil como um dos maiores players da espécie no mundo, no entanto, o desenvolvimento do setor não acontece de forma acelerada em razão dos elevados para manutenção da atividade. “O produtor precisa ser resiliente. Os custos são elevados e o preço de venda não compensa toda a elevação de custos que ocorreu com a pandemia e a guerra na Ucrânia, mas, apesar disso, acreditamos num momento melhor”, pontua.
Fonte: opresenterural.com.br
Postado em 29-09-2022 à50 10:27:50