Estresse causado por oceanos mais quentes expandem em 1% por semana áreas de recifes esbranquiçados, diz especialista

O mundo está passando por mais um episódio maciço de branqueamento de corais devido às temperaturas recordes dos oceanos, e partes de recifes da Austrália à Flórida correm o risco de desaparecer, alertaram especialistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) e da Iniciativa Internacional de Recifes de Coral nesta segunda-feira. A onda é segunda registrada em dez anos.

De acordo com relatório divulgado pelas entidades, o fenômeno foi confirmado em pelo menos 53 países, economias locais e territórios, incluindo grandes partes dos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico. O monitoramento de estresse térmico do NOAA baseia-se em medições de satélite de 1985 até os dias atuais.

“De fevereiro de 2023 a abril de 2024, foi documentado um branqueamento significativo de corais nos hemisférios norte e sul de cada uma das principais bacias oceânicas”, disse a coordenadora do programada Coral Reef Watch da NOAA, Derek Manzello.

Para a coordenadora, em entrevista por e-mail à CNN, é provável "que este evento ultrapasse em breve o pico de 56,1% prévio", afirmando que a porcentagem da área de recifes que sofrem com branqueamento devido ao estresse térmico "está crescendo cerca de 1% por semana".

Os corais, invertebrados marinhos formados por animais individuais chamados pólipos, têm uma relação simbiótica com as algas que vivem dentro de seus tecidos e fornecem sua principal fonte de alimento. Quando a água está muito quente, os corais expelem suas algas e ficam brancos, um efeito chamado "branqueamento" que os deixa expostos a doenças e em risco de morrer.

As consequências do branqueamento são amplas, afetando não apenas a saúde dos oceanos, mas também os meios de subsistência das pessoas, a segurança alimentar e as economias locais.

O atual evento de branqueamento é o quarto já registrado, com eventos anteriores em 1998, 2010 e entre 2014-2017. Desde o início de 2023, ano mais quente da história, o branqueamento foi confirmado nos trópicos, inclusive na Flórida, no sul dos Estados Unidos, no Caribe, no Brasil, na Grande Barreira de Corais da Austrália, e no leste do Pacífico Tropical.

A Grande Barreira de Corais australiana, o maior sistema de recifes de corais do mundo e o único visível do espaço, também foi gravemente afetada, assim como grandes áreas do Pacífico Sul, do Mar Vermelho e do Golfo.

“Sabemos que a maior ameaça aos recifes de coral em todo o mundo é a mudança climática. A Grande Barreira de Corais não é exceção”, disse a Ministra do Meio Ambiente da Austrália, Tanya Plibersek, no mês passado.

'Mais frequentes e graves'

Repetidos eventos de branqueamento em massa ameaçaram roubar a maravilha da atração turística, transformando bancos de corais outrora vibrantes em um tom doentio de branco.

“Como os oceanos do mundo continuam a aquecer, o branqueamento dos corais está se tornando mais frequente e grave”, disse Manzello. “Quando esses eventos são suficientemente graves ou prolongados, eles podem causar a mortalidade dos corais, o que prejudica as pessoas que dependem dos recifes de corais para sua subsistência.

Pepe Clarke, da organização sem fins lucrativos World Wide Fund for Nature (WWF), acrescentou: “Se precisarmos de um caso específico, visual e contemporâneo do que está em jogo com cada fração de grau de aquecimento, é este. A escala e a gravidade do branqueamento em massa dos corais são evidências claras dos danos que a mudança climática está causando neste momento”.

Já o CEO do Greenpeace Austrália, David Ritter, afirmou à CNN que os recifes enfrentam "perigo existencial", cuja culpa recai "inteiramente sobre os principais culpados que alimentam o aquecimento global: as empresas de combustíveis fósseis e os governos que sustentam esta indústria”. “Devemos agir rapidamente para garantir o fim imediato dos combustíveis fósseis”, acrescentou.

A boa notícia é que, na prática, o fenômeno é reversível, mas o processo depende da queda das temperaturas e da redução de outros fatores de estresse, como a pesca excessiva e a poluição. Além disso, os especialistas preveem que o fenômeno La Niña, a contraparte do El Niño, pode trazer uma "pitada de esperança" para os recifes, pontuou Manzello, embora observe que ainda ocorreram eventos de branqueamento durante o fenômeno nos últimos anos.

Fonte: oglobo.globo.com / Foto:Beatrice Padovani, Reef Check e Peld-TMAS



Postado em 19-04-2024 à50 07:46:50

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