A Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (ABRAPES) deu mais um passo importante para a cadeia de Pescados como um todo ao promover o 1º Diálogo Técnico ABRAPES & Governo - Desafios e oportunidades no mercado de pescado, na terça-feira (26), em Brasília (DF). Uma iniciativa de peso e que reuniu representantes de embaixadas, dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Pesca e Aquicultura (MPA) e de empresas associadas. No centro dos debates, questões cruciais como aspectos de regulação e a abertura de novos mercados. A meta é a retomada das exportações do pescado brasileiro para a Europa.

Ao abrir evento, o presidente da associação, Júlio César Antônio, destacou a relevância do setor para a economia brasileira e a relação positiva da entidade com o governo federal, em especial, com o Mapa e Ministério da Pesca. Ele ressaltou também a ligação forte e consolidada com as embaixadas de mercados estratégicos para o setor de Pescados.

“Somos uma associação que trabalha firme para a abertura de novos mercados para importação e exportação, colaborando para um fornecimento equilibrado de produtos ao mercado doméstico. Uma das pautas prioritárias é a elaboração e aplicação isonômica de normas que observem as peculiaridades de cada espécie, nesse setor tão diversificado que é o pescado”, afirmou.

Para o dirigente, o encontro marca a trajetória da associação visto que abre canais importantes de comunicação entre as equipes técnicas do governo e demais atores da cadeia de Pescados. “O governo entendeu a relevância do setor, marcou presença e se mostrou aberto ao diálogo. O evento é o primeiro de uma jornada colaborativa e produtiva para o segmento de Pescado nacional”

Na ABRAPES, são mais de 30 empresas associadas, sendo indústrias, importadores, exportadores, distribuidores, tradings e varejistas, que juntas representam um terço de todo o pescado consumido no país. Parceiros que acreditam na força da associação para impulsionar o consumo e negócios do setor dentro e fora do Brasil.

Foco no mercado Europeu

A expectativa do setor é de otimismo tanto para o mercado interno como externo. A prioridade agora do governo e setor é para a reabertura do mercado Europeu para o pescado brasileiro, fechado desde 2018, após problemas com embarcações brasileiras. Um avanço que exige articulação política, diplomacia e soluções práticas e eficazes.

Nesse sentido, o evento discutiu ações estratégias para destravar gargalos que impactam negócios de toda a cadeia. Entre as mudanças, a nova portaria que rege as operações de barcos pesqueiros e um plano de ação detalhado do setor da Pesca. O esforço do governo é para certificar toda a frota de embarcações até dezembro, quando encerra o prazo.

No painel O Pescado Brasileiro no Mundo - Situação Atual e Perspectivas de Abertura de Mercados, o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Fernando Zelner, traçou o panorama atual do comércio exterior do pescado e apontou oportunidades. Para ele, a prioridade deve ser a abertura de novos mercados e a retomada do diálogo com a China e a União Europeia.

No mesmo painel, Helinton Rocha, diretor do departamento da Indústria do Pescado do Ministério da Pesca, falou sobre a importância de fortalecer um sistema de controle e fiscalização, garantindo a segurança e confiança dos importadores internacionais. Ele adiantou ainda que o departamento está trabalhando em um novo marco regulatório que será apresentado em breve, abordando questões relacionadas à agricultura, controles de qualidade e mitigação de riscos.

“A importação é um negócio. Somente para se ter uma ideia, para cada 30 milhões de toneladas que importamos, temos 8,5 milhões que são produzidos pela aquicultura e 5 milhões pela pesca. O dobro da nossa produção. Não podemos desprezar esse negócio de modo algum. E a implantação de uma rastreabilidade melhor, de transparência ao consumidor vai valorizar e facilitar a coordenação da cadeia de custódia da indústria. O embargo ao pescado nacional pelo mercado Europeu foi um trauma e está nas prioridades que o setor privado nos apresenta. As ações governamentais são no sentido de trazer um pouco mais de integridade para a cadeia”, detalhou.

Controle: revisão de processos

Outras pasta do Mapa que desempenha papel fundamental no setor de Pescado é a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), sendo responsável pela estrutura de fiscalização no país. No evento, o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart, adiantou que o foco principal da SDA é a aprovação da Lei 14.515/2022, que permite o autocontrole na produção agropecuária.

Goulart citou ainda que a estrutura tem passado por transformações, focando cada vez mais em auditoria do que em fiscalização e, em entender as particularidades da cadeia de Pescados que difere das cadeias de proteínas tradicionais como frango, suínos e bovinos. Para alguns setores, essa resposta vai ser construída em conjunto.

“O Pescado, diferentemente de outras proteínas, depende da importação para compor o processamento da indústria. A questão é como o setor se imagina sendo regulado pelo Ministério da Agricultura em aspectos de tecnologia da informação, programa de incentivo à conformidade, padrões de conformidade, sobre quais são os padrões de conformidade microbiológico e físico químico”, pontuou.

Ele também frisou a necessidade do diálogo entre o setor e o governo. “É essencial entender a fundo os detalhes dessa indústria para que seja regulada de maneira eficaz. Nesse sentido, o diálogo constrói pontes e soluções”, concluiu.

Sabores e negócios à mesa

Ao final, uma confraternização, com variedade de frutos do mar, serviu para a troca de experiências, informações e para potencializar oportunidades de negócios.

Forte prestígio

Entre os convidados que prestigiaram o evento, representantes de embaixadas da Argentina, China e Noruega e representantes do Conselho Norueguês da Pesca; dos Ministérios da Agricultura e Pecuária e da Pesca e Aquicultura, de empresas associadas e convidados.

Fonte: Consultoria de Comunicação da ABRAPES


Postado em 29-09-2023 à53 16:30:53