
A busca por alternativas à carne vermelha durante a Quaresma (período de 40 dias antes da Páscoa) impacta, mais uma vez, a pesca e aquicultura brasileira. A Associação Brasileira de Pescados (Abipesca) estima aumento de 12% no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado.
Para driblar a alta dos preços sem abandonar a tradição, os brasileiros têm trocado o bacalhau por opções mais em conta, como tilápia, corvina e cação.
“A movimentação para compor estoques para Quaresma neste ano foi tardia, mas está consistente. Normalmente acontece logo após a virada do ano, no entanto começou somente após o Carnaval, em virtude da expectativa por conta da alta cotação do dólar”, relata Eduardo Lobo, presidente da Abipesca.
A valorização da moeda americana fez peixes como bacalhau, salmão e merluza ficarem mais caros em fevereiro. Prevendo orçamento apertado do consumidor, a alternativa dos comerciantes foi investir em espécies alternativas. “Tilápia, corvina e cação têm sido os mais procurados”, relata Adriana Santiago, da Atlântida Pescados, do Mercado Municipal de São Paulo.
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a expectativa é vender 25% mais peixes em comparação com outros meses, em função da Quaresma e da Páscoa. Até o momento, o bacalhau não é o protagonista das vendas, lideradas por tilápia, sardinha, corvina e camarão.
Na baixada cuiabana, MT, a grande demanda e a baixa oferta podem levar à falta dos peixes mais requisitados na região, como pintado, surubim, pacu, tambacu e tambatinga, de acordo com a Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR). “Hoje, 85% dos peixes consumidos vêm da piscicultura, e a procura neste período está superior à capacidade produtiva do setor”, afirma Francisco Medeiros, presidente da entidade. Com isso, a perspectiva é de peixes até 50% mais caros neste mês.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) havia registrado em fevereiro a média mais alta de preço pago ao consumidor para tilápia desde que iniciou a série do índice específico para o peixe, em 2021. Com valor de R$ 8,79/kg, o aumento foi de 1,4% frente a janeiro.
“Fevereiro consolidou-se como o sétimo mês seguido de valorização da tilápia. Com demanda aquecida e oferta limitada, a tendência é que este cenário permaneça”, informa Juliana Ferraz, do Cepea. O preço chegou a R$ 9,09/kg no dia 10 de março, na região dos Grandes Lagos (noroeste de São Paulo, na divisa com Mato Grosso do Sul).
Consumidor deve pesquisar preços
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou aumento de 3,88% no preço dos pescados no acumulado dos últimos 12 meses. O índice de alimentação e bebidas marcou 9,84%% no período.
O Procon-GO orienta o consumidor a pesquisar os preços antes das compras, tendo em vista a diferença de valores entre um estabelecimento e outro.
O cliente também precisa ficar atento à origem do pescado. “Aqueles que optarem por peixes frescos devem priorizar lojas com maior circulação de mercadorias, que têm preço justo e melhor qualidade”, comenta Adriana Santiago, que trabalha com a venda de pescado no Mercado Municipal de São Paulo.
É importante prestar atenção ao aspecto físico do peixe fresco. “Os olhos devem brilhar, as escamas precisam estar fixas na pele e as guelras devem ser vermelhas. Além disso, não pode existir odor e a barriga do peixe não deve apresentar inchaço”, explica Júnior Café, presidente do Procon-GO.
Fonte: globorural.globo.com
Postado em 23-03-2023 à40 20:01:40