
O ciclo de vida dos petrechos de pesca começa nas indústrias que fabricam esses produtos a partir de polímeros sintéticos, tais como poliamida, polietileno, polipropileno e poliestireno, além do chumbo, todos são persistentes no meio ambiente. O comércio mundial distribui esses materiais por todo o planeta e são introduzidos no mar pela cadeia produtiva do pescado, que é plástico dependente, para capturar os recursos pesqueiros.
Quando abandonados, perdidos ou descartados, geram impactos ambientais e econômicos, como a pesca fantasma, que provoca a morte de animais marinhos, perda de habitats e da biodiversidade e também são fontes de microplásticos.
O Brasil importa milhares de toneladas de panos redes de pesca, sendo que a destinação final desses panos é desconhecida, ou seja, ainda não existe uma logística reversa efetiva para o destino adequado desses resíduos.
O efeito da pesca extrativa transcende a retirada dos recursos no meio aquático e podem gerar um passivo ambiental: os petrechos de pesca perdidos, abandonados ou descartados, conhecidos como petrechos fantasmas. Esse problema é recorrente no mar e águas continentais, não só no Estado de São Paulo, mas no Brasil e no mundo.
Atento a todos esses problemas, o Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, criou em 2010 o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, para desenvolver metodologias eficientes a partir de tecnologias de baixo custo para localização e remoção dos petrechos fantasmas. Saiba mais aqui.
Os petrechos fantasmas representam uma ameaça global para a saúde e a produtividade de nossos oceanos. A cada ano aumenta a perda acidental ou abandono deliberado no mar dos petrechos de pesca devido ao maior esforço de pesca empregado, conflito entre as modalidades de pesca e os eventos climáticos de maior intensidade.
Tais problemas causam intensa preocupação ao setor pesqueiro e autoridades ambientais, que se deparam com redes de emalhar, linhas e cabos presos nos costões rochosos ou no fundo marinho. Geralmente causam sérios impactos à fauna marinha (tartarugas, toninhas e diversas espécies de peixes e crustáceos), além de oferecer perigo à navegação e as diversas atividades aquáticas.
Os polímeros sintéticos (plásticos), uma vez manufaturados, permanecem no ambiente marinho por muito tempo e precisa ser inserido na economia circular. Dessa forma, desenvolvemos a pesquisa aplicada às redes fantasmas para obter soluções sustentáveis e fechar o ciclo de ponta a ponta, buscando uma solução local pensando no aspecto global desse problema que afeta os oceanos de todo planeta. (Por Luiz Miguel Casarini, pesquisador científico do Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Marinho)
Fonte: seafoodbrasil.com.br
Postado em 09-03-2023 à21 20:09:21